Vale do Trovão


Vale do Trovão


Um certo homem vivia em uma terra fértil com árvores e flores, no entanto existia algo que ele desconhecia, debaixo de seus pés existiam ogivas nucleares e quando houve um simples evento sísmico elas detonaram...

Vários grandes cogumelos de fogo se formaram no céu, o chão foi varrido, o homem partiu em fuga completamente nu, sua roupa se queimou, sua carne ferida, cheia de queimaduras e sangue.

A adrenalina que percorria seu corpo o impelia a correr, cada vez mais rápido, inibia a dor, só queria sair do lugar da explosão.

Partiu para as terras altas, após cruzar a última ponte que ligava a terra fértil ora destruída, a ponte caiu juntamente com as outras.

Ele fugiu para a obscuridade dos desfiladeiros pensou em viver ali, mas um Viajante insistia para que ele fosse para as montanhas, pois todo abismo leva a morte, todo desfiladeiro o convidava a se precipitar em queda livre.

O Viajante disse que ele aprenderia muito sobre si na caminhada para as montanhas do Vale do Trovão.

E lá foi ele rumo ao Vale do Trovão, onde os ventos cortam o rosto, o suor do corpo congela sua pele, o cansaço físico é destruidor, raios e trovões cortam o céu a todo momento.

Muitos picos eram cobertos por cumulus nimbus que geravam um grande estrondo com suas explosões elétricas.

Mas o homem sabia que era para lá que precisava seguir, o Viajante o acompanhava e o ajudava sempre que não conseguia sozinho.

Da explosão de sua antiga terra lhe sobraram as cicatrizes, marcas do passado, desenhos em alto relevo sobre sua pele como se fossem hieróglifos de uma dor passada, de uma lição aprendida, de uma vida terminada apontando para uma nova vida futura.

Enquanto subia tentando ler as mensagens de cada cicatriz ele alcançou o cume, chegou ao topo do Vale do Trovão, o Viajante que o acompanhava deu ordem para que as nuvens se dissipassem.

O céu se abriu e o astro rei apareceu, iluminando toda a sua existência, no horizonte o homem via os desfiladeiros e penhascos, os destroços das pontes que atravessou e o vale de sua antiga morada totalmente dizimado e sem vida.

Ele percebeu que o Viajante era aquele a quem a terra e céu obedeciam, aquele que acalma os mares com apenas uma palavra.

ELE olhou nos olhos do homem, com aqueles olhos de trovão e lhe disse: Acaso aquelas terras dizimadas e mortas podem retornar a vida? E as pontes outrora destruídas podem ser reedificadas?

Então respondeu: Tu o sabes Senhor!
E ELE disse: Profetize sobre a terra morta e as pontes destruídas. E verás a Glória de Deus!

Então o homem gritou em alta voz: Que haja vida, que as pontes se reedifiquem, que os rios cortem o deserto.

Imediatamente caiu em sono profundo e a mente do homem se reconstruiu, as montanhas cobertas pelos cumulus nimbus ficaram visíveis, as sinapses de seu cérebro foram reconstruídas, pois eram as pontes que o levavam ao seu próprio coração que fora completamente reconstruído, cada canto, cada árvore, cada rio renasceu.

O Viajante disse que o momento do trovão, da frieza da rocha, dos ventos cortantes terminaram, e que ele precisava voltar para a antiga terra que agora é nova. O coração foi refeito, mas com novos lugares, um novo relevo.

Ele explorará cada lugar, ainda sozinho, mas um dia com mais alguém, no momento é tempo apenas de conhecer a nova terra e o novo habitante, pois o que saiu morreu no caminho e um novo homem retornou.

Baseado na mensagem do Vale de Ossos Secos Ezequiel 37:1-10

Autor: Anderson Ribeiro Sousa

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